quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Pesquisa de primeiro mundo


O Brasil assume a dianteira global no estudo das doenças tropicais, a ponto de a revista "The Economist" recomendar aos jovens cientistas que migrem para o País
Francisco Alves Filho

Primeiro veio o reconhecimento da comunidade científica internacional. Agora é a vez de a revista de mercado e negócios "The Economist" alardear: o Brasil é líder em pesquisas científicas sobre doenças tropicais.
A publicação chega a aconselhar jovens cientistas de todo o mundo a migrar para o País. Para tornar o convite mais sedutor, aponta que parte do sucesso se deve aos recursos que o governo brasileiro investe nesse campo. Ou seja, é a oportunidade de trabalhar em centros de excelência na pesquisa e ainda ser decentemente remunerado por isso.

O status alcançado pelo Brasil se deve em boa medida à falta de interesse do Primeiro Mundo no assunto. Há 20 anos, a pesquisa de doenças como malária, dengue, leishmaniose ou TUBERCULOSE era desprezada pelos principais centros científicos estrangeiros. "Era um problema nosso e com o qual tivemos de aprender a lidar", diz Claude Pirmez, vice-presidente de pesquisa e laboratórios de referência da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o principal centro brasileiro - portanto, mundial - na área.

A Universidade de São Paulo (USP) é outra instituição fundamental nesse salto de excelência. No campus de São Carlos, o Instituto de Química desenvolve estudos que levaram à descoberta de moléculas importantes para uma enzima do Trypanosoma cruzi, parasita da doença de Chagas. A substância pode destruir o causador da enfermidade. "A indústria farmacêutica não quer gastar os milhões necessários para esse tipo de pesquisa. Cabe ao governo dar conta desse assunto", diz Carlos Alberto Mantovani, do grupo de pesquisa em química medicinal da universidade.

O Instituto Butantã, de São Paulo, completa o pódio do que de melhor se faz na pesquisa de doenças tropicais no Brasil. Responde por 93% dos soros e vacinas produzidos no País. Para desenvolver esses medicamentos, conta com a colaboração de pesquisadores na Amazônia. Um deles é o médico espanhol Fernando Abad-Franch. Pesquisador da Fiocruz Amazônia, ele veio de seu país natal há oito anos e afirma que a "The Economist" não exagera ao incentivar jovens cientistas a vir para cá: "Enquanto a crise europeia faz os investimentos em pesquisa cair, o Brasil é neste momento o melhor país do mundo para realizar esse trabalho", conclui.

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