quinta-feira, 10 de março de 2011

Graçias a La Vida

Graças à vida que me deu tanto
Me deu dois olhos que quando os abro
Distingo perfeitamente o preto do branco
E no alto céu seu fundo estrelado
E nas multidões o homem que eu amo.

Graças à vida que me deu tanto
Me deu o ouvido que em todo seu comprimento
Grava noite e dia grilos e canários
Martírios, turbinas, latidos, aguaceiros
E a voz tão terna de meu bem amado.

Graças à vida que me deu tanto
Me deu o som e o abecedário
Com ele, as palavras que penso e declaro
Mãe, amigo, irmão
E luz iluminando a rota da alma do que estou amando.

Graças à vida que me deu tanto
Me deu a marcha de meus pés cansados
Com eles andei cidades e charcos
Praias e desertos, montanhas e planícies
E a casa sua, sua rua e seu pátio.

Graças à vida que me deu tanto
Me deu o coração que agita seu marco
Quando olho o fruto do cérebro humano
Quando olho o bom tão longe do mal
Quando olho o fundo de seus olhos claros.

Graças à vida que me deu tanto
Me deu o riso e me deu o pranto
Assim eu distinguo fortuna de quebranto
Os dois materiais que formam meu canto.

E o canto de vocês que é o mesmo canto
E o canto de todos que é meu próprio canto.
Graça à vida...Graças!!!
Mercedes Sosa
 

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