A SOLIDARIEDADE!
*por Rubem Alves
“Se te perguntarem quem era essa que às areias e aos gelos quis ensinar a primavera…”: é assim que Cecília Meireles inicia um de seus poemas.
Ensinar primavera às areias e aos gelos é coisa difícil. Gelos e areias nada sabem sobre primaveras… Pois eu desejaria saber ensinar a solidariedade a quem nada sabe sobre ela. O mundo seria melhor. Mas como ensiná-la?
Será possível ensinar a beleza de uma sonata de Mozart a um surdo? E poderei ensinar a beleza das telas de Monet a um cego? De que pedagogia irei me valer? Há coisas que não podem ser ensinadas, coisas que estão além das palavras. Cientistas, filósofos e professores são aqueles que se dedicam a ensinar as coisas que podem ser ensinadas por meio das palavras.
Sobre a solidariedade muitas coisas podem ser ditas. É possível desenvolver uma psicologia da solidariedade, ou uma sociologia da solidariedade, ou uma ética da solidariedade… Mas os saberes científicos e filosóficos sobre a solidariedade não ensinam a solidariedade, da mesma forma como as críticas da música e da pintura não ensinam a beleza da música e da pintura.
A solidariedade, como a beleza, é inefável – está além das palavras.
Palavras que se ensinam são gaiolas para pássaros engaioláveis. Mas a solidariedade é um pássaro que não pode ser engaiolado. Não pode ser dita.
A solidariedade pertence à classe de pássaros que só existem em vôo. Engaiolados, eles morrem.
A solidariedade é um SENTIMENTO. . .
Queria aqui parabenizar à população TARAUACAENSE que da forma mais simples e espontânea deixou fluir este SENTIMENTO.
Dra. Joelza Alves
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